quinta-feira, 10 de abril de 2014

Reinvenção e memória.

sqaim

Olá! Smile Como estão vocês? Eu continuo neste processo de resgate da minha essência. A bonequinha bonitinha no canto superior direito deste blog é o meu avatar numa comunidade de moda, da web, chamada Poupée Girl (http://pupe.ameba.jp/). É provavelmente uma das comunidades mais adoráveis da internet! mini_gifs50 Lá, gratuitamente, você cria um avatar (minha bonequinha é o mais parecida comigo possível), troca de roupa todos os dias, participa de eventos, ganha e compra ítens (roupas, acessórios, etc.), posta fotos de suas roupas e acessórios preferidos e interage com outras poupées, através de comentários, suteki (suteki, em japonês – a comunidade é japonesa – significa  encantador(a), pelo menos de acordo com o Google Tradutor. Mas, na comunidade, suteki é como se fosse o like to Facebook e pode ser usado para o look das bonequinhas ou os itens que os usuários postam) e mensagens. Tudo é muito bonitinho e bem feito e é bom trocar gentileza com outras pessoas! mini_gifs84  Estou lá há um tempo considerável, mas fiquei séculos sem aparecer. Como já devo ter dito, meu último relacionamento foi uma experiência muito negativa em todos os aspectos. Foi à distância, com um estrangeiro, alcoólatra, violento e com passagens pela polícia, inclusive por agressão. Sei que parece demência eu ter mantido, durante mais de 1 ano, tal relacionamento. Conversávamos todos os dias por Skype e eu me acostumei a receber mensagens dele. Sem dúvida, estava carente e perdida, quando o conheci. Alguns relacionamentos de fato começam na internet, é difícil dissociá-la da vida cotidiana. Eu planejava viajar para o país dele no último Natal, mas diante de tanta violência, não fui. Escrevi detalhadamente sobre isto no meu blog em Inglês (http://multimaiden.blogspot.com.br/2013/09/women-who-love-too-much.html). O post é de setembro. E eu arrastei este relacionamento até pouco tempo atrás, como se continuasse alimentando um zumbi, sabendo que ele jamais voltaria a ser humano. Se posso dar uma dica a vocês, é: não condenem alguém que está fazendo merda, mas não deixem de alertá-lo(a). Às vezes, persistimos no erro por costume, porque o erro é nossa zona de conforto. Eu me dediquei integralmente a um babaca, que sempre se revoltou diante de qualquer movimento de liberdade meu. Na época em que o conheci, não saía de casa, temia o mundo lá fora e, aos poucos, abri mão de sonhos, objetivos, hobbies e diversões. Homens violentos obviamente são machistas e, geralmente, possessivos. Anulam suas mulheres. Agora me parece loucura eu ter aceitado toda a violência verbal que sofri, sendo que podia simplesmente bloqueá-lo no Skype e mandá-lo para os quintos dos infernos. Mas, meu erro me mantinha na zona de conforto. Eu não precisava pensar em mim, enquanto sofria por ele. E, acreditem: muitos casamentos são mantidos pela mesma razão. Meu ex (se é que posso chamá-lo assim) sempre foi manipulador e usou recursos sórdidos à exaustão pra me manter presa a ele. Chantagem, mentiras, provocações. Devo ter gostado dele, em algum momento. Mas deixei de gostar há muito tempo. No ano passado, não sei por que, comecei a ter vontade de sair e viver de novo e, de lá pra cá, tenho feito progressos. A vida, mesmo, é real, não virtual. Não sou contra relacionamentos à distância e acredito em destino. Mas, depois do que passei, acho que a pessoa tem que valer muito a pena, pra tanto sacrifício! Não digo nem que deixei de sair e paquerar. Fui além. Deixei de viver. Deixei de cultivar o que me faz feliz, me afastei dos meus amigos (que são incríveis), tive brigas homéricas com meu irmão (com o qual me dou muito bem). E, sabe de uma coisa? A vida também é uma questão de prática. Se não vivemos, esquecemos como se faz e viramos zumbis ou autômatos. Nos conformamos com a merda de situação em que estamos. Viver é acordar a alma. Quando cantei pro meu ex subir e puxei conversa com meus amigos, eles foram super receptivos. Porque sempre estiveram ao meu lado. Escrever este blog, é uma idéia antiga, mas está fluindo, porque tive a iniciativa de começar. Estou frequentando academia, sempre adorei me exercitar. Voltei a sair e estou aberta a convites! Reparei que existem moços de carne e osso nesta cidade (São Paulo) e alguns são particularmente interessantes. Parei de ter medo de botar o bloco na rua. Claro que é um processo, mas o que eu realizaria se continuasse chorando em casa, por um babaca que nunca me deu valor (ou nunca quis admitir que eu tenho valor)? Infelizmente existem pessoas que só concebem relacionamentos doentios. Há quem precise anular o outro pra mantê-lo por perto. Eu nunca confiei no meu ex, nunca me senti à vontade, ele não despertou o melhor dos meus lados. Vocês, que estão lendo este post, já pararam pra pensar que existem pessoas que não despertam o melhor dos seus lados, diante das quais vocês se sentem desconfortáveis, constrangidos, certos de que não podem ser quem realmente são? Pois é, não é boa idéia manter contato com elas. Talvez pareça óbvio o que estou dizendo, mas não é: precisamos ter uma força tremenda pra escolher a paz e a felicidade! E a liberdade, também.

Não sei vocês, mas eu sou meio loner ou uma pessoa que se sente bem sozinha e precisa de solidão, de vez em quando. Escreverei um post sobre o assunto, no futuro, inclusive seria ótimo encontrar outros loners, taí o tipo de amigos que gosto de ter! mini_gifs88 Todos os meus hobbies demandam solidão. Eu também jogo vídeo-game e jogos de computador, só quem é gamer sabe o que é passar horas na frente do computador ou da tv, completamente em outra dimensão. Gosto de ouvir música no meu quarto, deitada na cama, luz apagada, incenso perfumando o ambiente. Posso passar horas lendo, se o livro é cativante. Há filmes que só eu tenho vontade de assistir. Às vezes penso que todo mundo, em essência, é assim: tem o próprio universo. O meu é bastante rico. A solidão sempre foi minha amiga, embora eu seja bastante sociável e goste de companhia. Imagina o que é você simplesmente querer tricotar um par de slippers ouvindo música, sem pensar em coisa alguma, por um par de horas e sentir que uma pessoa está vibrando uma energia péssima, em algum ponto do planeta, porque você não está dando atenção pra ela! Quando saio, gosto de passear, andar a pé, bater perna pela cidade, com minha câmera digital ou passar horas em algum dos parques incríveis de São Paulo. Gosto de bibliotecas, cinema, teatro, eventos culturais, exposições, barzinhos, Starbucks. Muitas vezes tive que criar compromissos, só pra poder simplesmente sair de casa, sem que meu ex surtasse. E ele surtava, de qualquer jeito. Sóbrio, acumulava a raiva. Bêbado, extravasava. No início, eu simplesmente não vivia. Ficava pendurada no Skype o fim de semana inteiro. Mas me enchi. Sei que existe gente assim na vida real, também, aliás, se eu estivesse com ele, no país dele, seria pior ainda! Afinal, esta é a natureza do cidadão. Mas, gente! Quando nem se dedicar aos seus hobbies você pode, a coisa está muito feia! Eu abri mão da minha própria natureza, pelo meu ex. Já aconteceu com vocês? O fato de eu querer (e precisar) ficar sozinha de vez em quando, não significa que não amo alguém ou vou “pular a cerca”. O fato de eu querer sair, sem levar o smartphone, só significa que não quero dar satisfações dos meus passos e isso não tem nada a ver com traição. Mas, quando conheci meu ex, estava distante de mim e assim permaneci, por muito tempo. Solidão não é algo ruim, pelo contrário. De que outra forma podemos nos conhecer? Brincando com a minha bonequinha (Ahá! Voltei ao início do texto!), faço algo que é só meu e me faz feliz. Nem minha bonequinha eu troquei, deixei de interagir com as meninas, fui uma idiota! Diz um clássico da bossa-nova que “é impossível ser feliz sozinho”. Mentira. Se não formos felizes sozinhos, não seremos felizes com ninguém. Eu permiti que meu ex devastasse a minha vida, porque não me dei amor e atenção, deixei que ele determinasse o que eu faria. E não me olhem assim, não! Deixem de se amar, pra ver o traste que vão arrumar! Deixem de cultivar a solidão! É um aprendizado esquisito. A indústria do entretenimento, a sociedade, a família, as religiões, nos vendem a idéia de que não somos absolutamente nada sem os outros e não dizem uma palavra sobre autoconhecimento. Ou amor próprio. Gente que tem amor próprio é tida como arrogante. Quem gosta de ficar sozinho de vez em quando, é antissocial. Mas, por mais que companhia seja bom (e é!), aquele ditado está certíssimo: “Antes só, do que mal acompanhado.”

Resgatar minha essência, tem sido um trabalho de memória. Eu deixei coisas perdidas no arquivo da minha alma, durante meu relacionamento. Vivi pela ilusão de que amava e era amada. E não lamento só pelos passeios e baladas que perdi, pelas viagens que não fiz, mas pelos meus hobbies, pela oportunidade de ouvir Maria Bethânia no meu quarto um sábado inteiro, assistir alguma série, jogar Just Dance até cair ou fazer qualquer outra coisa! So-zi-nha. Meu universo interior é muito rico, eu tenho condições de preencher meu tempo com inúmeras coisas. Preciso lembrar como se faz. Nós somos ensinados a depender demais dos outros. Aí, os (mui) amigos mudam de idéia, o(a) namorado(a) procura outra distração, os filhos saem de casa e as pessoas ficam em caquinhos, perdidas e inconsoláveis. Como eu estava até pouco tempo atrás. Quando entrei na comunidade das poupées, ontem, fiquei completamente perdida, mal lembrava como vestir minha boneca! Mas, acabou dando tudo certo. E eu decidi que não vou mais deixar a comunidade. Nem nada. Por ninguém. Claro que preciso lembrar como é estar sozinha, embora eu sempre tenha estado sozinha, desde que comecei meu relacionamento. Ué, por acaso nos encontrávamos?! Talvez meia dúzia de românticos por aí me diga que “ainda não encontrei a pessoa certa”. Sério?! Sarcastic smile Olha, eu não estou de forma alguma fechada à possibilidade de encontrar alguém. Mas, tenho uma pergunta: por que não posso ser feliz sozinha? Liberdade é uma coisa linda demais da conta! mini_gifs15 E se o próximo mancebo de carne e osso de preferência habitante das adjacências, não entender isso, será difícil. Eu sou a única companhia que tenho 24 horas por dia, 7 dias por semana. Preciso lembrar disso. Sempre. Lembrar do que me faz feliz. Achei que fosse doer mais. Minhas memórias me levarão a reinventar minha vida. Nunca se esqueçam das coisas que só vocês podem fazer e se dar. Aliás, o que vocês costumavam fazer e gostavam, mas, por algum motivo, deixaram de fazer? Não estaria na hora de voltar?

Termino o post com um poema da minha poetisa preferida, Cecília Meireles. Eu desejo lembrar pra me reinventar. E espero que vocês possam fazer o mesmo!

Nos vemos na próxima postagem!

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Reinvenção

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas…
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo… — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço…
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

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