sexta-feira, 11 de abril de 2014

Não-hits: Capítulo 1.

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Olá, como vão vocês? Eu confesso que não estou com a maior das disposições pra escrever, mas a escrita é um exercício de disciplina e eu acho que vou me sentir melhor, quando este post estiver terminado. É como ir à academia, naqueles dias em que você não está com a menor vontade e perceber que não foi tão difícil assim e você está com outro astral! …

Bem. Uma das minhas maiores paixões, é a música minisom . Eu canto, danço e ouço música sempre (em condições normais de temperatura e pressão). Não sou fã de coisa alguma, mas gosto muitíssimo de MPB! A música do Brasil é extraordinária e me entristece pensar que a maioria das pessoas daqui, não dá a ela o devido valor! Sad smile Acho pouco provável que exista música mais diversa, cálida e bonita, que a brasileira! Os brasileiros que criticam o país e só se concentram no que o Brasil produz de pior, em termos musicais, não têm noção do país em que vivem! Quando eu era criança, MPB era trilha sonora de novelas da Globo! Clássicos interpretados por músicos e intérpretes incríveis tocavam em novelas! E os artistas iam a programas populares! Eu passei a infância ouvindo Gilberto Gil, Caetano Veloso, Zé Ramalho, Ney Matogrosso, Maria Bethânia, Gal Costa, Chico Buarque, no rádio! E não era em emissoras específicas como a Nova Brasil FM (é possível ouvi-la na internet!). Uma das músicas que eu achava mais divertidas, na infância (além dos álbuns dos Secos e Molhados, que eu achava o máximo!) era a Punk da Periferia, do Gilberto Gil:

Cantava o refrão. Não fazia idéia do sentido da letra, só sabia que se tratava de um punk da periferia, da Freguesia do Ó, bairro aqui de São Paulo. Lembro que, na escola, pré-escola, houve um festival de música brasileira (e eu nasci em 1980, tá?! Smile with tongue out) e a música campeã foi um pesadelo, que me dá arrepios até hoje! Escrito nas Estrelas, interpretada pela Tetê Espíndola, que, como dizia minha avó, tinha “voz de taquara rachada”. Meus coleguinhas cantavam a música e eu detestava a música! Colocava as mãozinhas nos ouvidos, andava de um lado pro outro na hora do recreio, mas meu solitário protesto era absolutamente inútil! Crying faceProcurem a música no YouTube, se quiserem, eu não vou colocá-la aqui, de jeito nenhum! Pensem numa música brega. É mais do que isto! Há quem goste e gosto (às vezes) é algo subjetivo, não é mesmo?! Mas o que eu quero dizer é que nos anos 1980, as crianças da pré-escola, cantavam MPB! Surprised smile Eu surrupiava os LPs da Clara Nunes, da minha mãe, ouvia na minha vitrolinha, cantava e dançava. Era fascinada pela Clara Nunes e é uma honra ouvir de algumas pessoas que sou fisicamente parecida com ela, principalmente o rosto! mini_gifs50 Então, eu cresci ouvindo MPB. As bandas preferidas do pessoal, na adolescência, eram nacionais: Os Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, Capital Inicial, Ira, Kid Abelha e, mais tarde, a minha preferida, o Skank! E todas que surgiram na mesma época. Hoje, eu não sei como as coisas estão, tenho pouco contato com crianças ou adolescentes, mas sei que esta geração é muito diferente da minha e ouve pouquíssima MPB de qualidade! É uma pena. Sensacional é ver certos comentários, internet afora, acusando a nova geração de “só ouvir porcaria” e aproveitando pra vomitar preconceito contra o Brasil. A culpa, não é das novas gerações, muito menos do país, que continua produzindo músicos e intérpretes de alto nível. Eu atribuo parte da culpa aos ilustres comentaristas, que, do alto de sua arrogância, só sabem reclamar, mas não fazem nada pra mudar a situação! Quando eu era criança, música era uma vivência coletiva em casa. Havia duas vitrolas, um rádio e todo mundo ouvia a mesma coisa. Meu gosto musical foi formado em casa, e até meus talentos como cantora e dançarina. Claro que não existiam fones de ouvido e, de vez em quando, rolava um conflito entre vizinhos, por conta de predileções musicais, coisa que acontece até hoje, nas ruas e prédios em que certas pessoas ainda não perceberam que existem fones de ouvido mini_gifs180 . Os fones estão entre as melhores invenções do mundo, mas também isolaram as pessoas. Não sei em quantas casas os pais colocam música no aparelho de som e a criançada ouve. Isto não forma gosto musical. Se as crianças e os adolescentes simplesmente não têm acesso à MPB de qualidade (a não ser que fucem na internet), não podem ser acusados de “só ouvir porcaria”! Por que quem reclama, não divulga o que acha que é bom? Internet está aqui pra isso, criar blog é de graça e existem inúmeros outros recursos! É que dá trabalho, sabe?! Annoyed

A MPB está cheia de rótulos que não correspondem à realidade ou têm um quê meio esquizofrênico. Por exemplo, “música popular brasileira é ouvida essencialmente pela elite” (classe média inclusa). Quando eu era criança e adolescente, as coisas não eram exatamente assim. Música era uma vivência coletiva e a nata da MPB participava de trilhas sonoras de novelas e programas populares de tv, como eu já disse. Aliás, a minha geração viveu a “decadência do Ocidente”, porque todas as febres musicais possíveis (lambada, pagode, É o Tchan e congêneres, sertanejo) surgiram nos anos 1990! Música ruim também é cultura, mas até a música ruim daquela época era melhor! Disappointed smile E, no Magistério, em plena explosão do pagode, eu e minhas amigas cantávamos os hits do momento. Junto com os hits de grandes bandas como Legião Urbana, que era muito querida pelos adolescentes da minha geração. Nós cantávamos bastante. Eu participei até de festival de música, como cantora e compositora, coisa que sou até hoje, mas quase ninguém sabe th_nana028. A MPB influenciou toda a minha geração e pessoas de todas as classes sociais. A idéia de que é “coisa de elite” deve ser recente. E é um absurdo! Música boa é direito de todo mundo! Junto com esta idéia, vem o preconceito de que MPB é coisa de hippie, bicho-grilo, estudante de Humanas, aquela gente esquisita, que dança em volta de fogueira pirada de cigarrinho do capeta. Estudante de Humanas, eu fui. Letras. E na USP! Andar como hippie, é algo que faço até hoje, de vez em quando, mas tomo banho todos os dias, nunca usei drogas e “amor livre” é um conceito que tenho uma certa dificuldade de compreender. A MPB, pelo menos a dos grandes músicos e intérpretes é, de fato, mais profunda, talvez menos acessível, mas eu fico meio assim de dizer isso, porque o que é bom, é bom e meu priminho de 8 anos adora Zé Ramalho, por minha causa! Uma vez, um ex colega de trabalho do meu irmão, definiu a música do Zé Ramalho de um jeito sensacional: “É mó legal, não entendi nada!Rolling on the floor laughing Nem o Zé Ramalho entende! Smile Mas por ser mais profunda e complexa, a música dele não é menos extraordinária! Eu, graças à Maria Bethânia e ao Ney Matogrosso, canto umas músicas de compositores do Pré Cambriano e acho o máximo! Músicas que não têm nada de elitistas e têm uma profundidade acessível a qualquer pessoa. Vocês, meus caros leitores, não se deixem levar por preconceitos. Simplesmente ouçam MPB! De Cartola a Zeca Baleiro, de Maria Bethânia a Pitty, tem muita coisa boa! Não é monopólio do pessoal de Humanas, de gente de esquerda ou bobagem semelhante. E só é coisa de elite, se tomarmos a palavra elite no sentido de “os melhores entre os seres humanos” mini_gifs51 (agora, eu fui fundo!).

Bem. Quase me perdi em digressões e, como vou sair hoje à noite, vamos ao título do post. Bandas e cantores (ou intérpretes) têm hits, certo?. As músicas que fazem parte de coletâneas, muita gente conhece, tocaram no rádio, na tv e na internet centenas de vezes e têm que ser tocadas nos shows. Aquelas que certas pessoas chamam de comerciais, só porque caíram nas graças do público. Nem sempre uma música acusada de ser comecial, de fato é. Mas eu, como ouvinte de MPB, gosto muito de não-hits. De certas músicas que só quem tem o álbum e/ou é fã da banda ou do artista, conhece. Toda vez que ouço um álbum, algumas músicas me chamam a atenção, cada qual por seu motivo. E invariavelmente eu acabo adorando aquela faixa escondidinha, perdida no meio dos hits! Ouvir álbuns completos, aliás, é muito bacana e eu ainda gosto de comprar cds! Só compro quando amo adoro idolatro o artista ou a banda, mas muitas vezes vale a pena, porque são trabalhos cuidados, muitos encartes têm trabalhos artísticos e cada álbum é um todo que expressa o momento do artista ou da banda. Recomendo! … Hoje vou compartilhar com vocês um não-hit do Skank chamado Até o amor virar poeira. Terceira faixa do álbum Carrossel, de 2006, um dos meus preferidos, é uma música tão bacana, tão “cantável”, com aquela vibe que só o Skank tem, que muito me surpreende que não tenha virado um hit! Curtam, comentem, compartilhem e deixem nos comentários um não-hit preferido! Amanhã eu volto com mais não-hits do Skank.

Boa sexta-feira a todos! Até a próxima postagem!

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