terça-feira, 3 de junho de 2014

Lulu (metida a) escritora.

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Como diziam as vítimas do extinto Show de Calouros: Boa noite, auditório! Boa noite, Brasil! Eu tenho emoticons novos da Hello Kitty e vocês não tê-êm! Nyah-Nyah Novos nada, estavam há tempos no meu computador, me surpreendi ao encontrá-los … Como estão? Eu estou bem. Às vezes, fuçando no meu computador, me deparo com coisas muito interessantes mini026 (eu tenho um laptop, mas enfim …). A idéia de escrever um blog é antiga. Mas eu fiz várias experiências em alguns documentos do Word antes de me sentir segura pra dar à luz o Multi Maiden. E não pensei que escreveria também em Português. Na época, eu lia notícias em vários sites e comentava atualidades. Tenho registros ótimos, inclusive gravações (de voz)! Assim que souber como se faz um podcast (até lido bem com tecnologia, mas não tenho a menor paciência), talvez me arrisque a dar um tostão da minha voz, por aqui! Dizem que ela é bonita. E eu concordo th_nana028. Se bem me lembro, comecei o rascunho do blog em 2010. De lá pra cá, amadureci e desenvolvi um estilo próprio. Li e experimentei muito até encontrar uma forma própria de me expressar. No início, achei que teria um blog politizado, feminista, ambientalista, engajado, enfim. Fui leitora assídua da tal “blogosfera progressista”, até perder as ilusões e me decepcionar bastante. Isto foi positivo, porque eu descobri que não sou uma militante, por mais progressista que ainda seja. Nunca fui aceita no meio, aqui no Brasil. Não entra na cabeça de muitas pessoas que uma mulher girly, que tem bonecas e pelúcias da Hello Kitty pela casa toda e não abre mão de certos prazeres materiais, possa não ser uma reacionária monstruosa ou uma patricinha acéfala e fútil. Eu nunca fui reacionária. E estudei na FFLCH-USP, o que me marcou definitivamente (e foi uma das melhores coisas que me aconteceram!). Patricinha … bem, fica à critério de quem julga. Mas eu não correspondo à imagem que a maioria das pessoas tem, das patricinhas. Aliás, acho muito divertido confundir as pessoas, deixá-las perturbadas, levá-las a rever os próprios conceitosSarcastic smile. É claro que nem todo mundo lida bem com isso. E a minha forma de ser engajada é completamente pessoal e intransferível. Eu não suportaria escrever sempre sobre os mesmos assuntos. E sou afetiva demais, não estou disposta a crivar de balas quem não compartilha das minhas visões de mundo. Como eu explicaria a minha coleção de papéis de carta pra uma feminista fanática? Dá? Não dá. Levei muito tempo até distinguir a minha voz, no meio de todas que me influenciaram. E ainda há o que aprender e aperfeiçoar! Muitos escritos eu não publicaria hoje, mas, outros, sim. Encontrei um projeto de post que escrevi em 2011 muito bacana. O tom dele é engajado, mas não é fanático. Está explícita a minha maneira afetiva de ver as coisas e o meu senso de humor. Na época, eu não tinha televisão (não chorem, hoje eu tenho tv). Minha fonte de informação e entretenimento, era a internet. Até hoje, eu vejo pouquíssima televisão. Música, ouço o tempo todo. E, se bobear, ligo mais a tv pra jogar vídeo game, que pra assistir. O texto de 2011 fala por si, mas na época fiquei intrigada com certos programas do Discovery Channel sobre crimes e parasitas assassinos. Eles ainda existem, há um programa chamado “Parasitas Assassinos” no Discovery Channel e existem canais dedicados a crimes, como o ID (Investigação Discovery). Eu mesma já assisti programas sobre serial killers, porque meu ex-namorado é uma pessoinha dodói, fascinado por serial killers como o Ted Bundy e o Jeffrey Dahmer (se vocês não sabem quem eles são, não sou eu quem vai contar! figielek). Sempre me deixou passada a fascinação que muitas pessoas têm por serial killers. O que explica, por exemplo, tantos filmes e até uma série de tv (que me dá arrepios! th_siro09) dedicados ao personagem Hannibal Lecter, um serial killer que come literalmente suas vítimas? Antes de vocês acharem gente assim bonitinha ou fascinante, pensem no quão aterrador é alguém fazer isto com seres humanos, tá?! E calcular, friamente, cada passo. Serial killer não mata e destroça pessoas porque dormiu com a bunda descoberta, num dia qualquer, como dizia a minha avó! Eles matam até serem descobertos. Dezenas de pessoas. E é curioso, porque, depois de um tempo, adquirem status, viram estrelas de documentários, filmes, programas de tv. A história das vítimas ninguém conta. E pra ter glamour de verdade, o dodói necessariamente tem que ser do Primeiro Mundo. Há não muito tempo, eu fiquei atônita com a história de um cidadão aqui do Brasil, mesmo, que, auxiliado pela mulher e a amante, matou pessoas, comeu a carne das vítimas e ainda utilizou-a pra rechear salgadinhos, vendidos na região! Aconteceu em Garanhuns, Pernambuco. Isso sim é que é roteiro creepy, pra filme B! Mas dado que o monstro não é do Hemisfério Norte, ninguém vai achá-lo “fofo” o bastante. Só acho que dispor de vidas humanas deste modo é o fim do mundo! E este papo de: “Coitadinhos, eles são doentes!” não me convence. Eles podem ser doentes. E, no meu texto, eu falo exatamente sobre a conivência da sociedade em relação a criminosos do naipe de um Jeffrey Dahmer. Já os programas sobre os “parasitas assassinos” são uma palhaçada tão grande, que só vendo, pra crer! facepalm

Divirtam-se! Postarei o texto aqui. Ele pode ser considerado polêmico (não acho) e eu não fiz nenhuma alteração no original. A única coisa que mudou, de lá pra cá, é a minha postura em relação à tv. Sem dúvida, a maior parte da programação, tanto da tv aberta, quando da tv a cabo, é de péssima qualidade. Mas há coisas boas, também. Vejo a tv de forma menos radical, hoje em dia. De qualquer forma, está longe de ser algo que amo.

26/06/11 SERIAL KILLERS, PARASITAS ASSASSINOS E A PREGUIÇA …

por Luna Wotansson

Às vezes, o MSN Brasil disponibiliza vídeos do Discovery Channel e, hoje, ao levantar, como eu não tinha mais nada pra fazer, mesmo (na verdade tinha, mas ...), resolvi assistir um vídeo de uma série chamada Atração Perigosa, sobre um serial killer estadunidense e seu cúmplice chinês, que assassinaram dezenas de pessoas e mantiveram em cativeiro mulheres, que violentavam e mantinham como escravas, até se cansarem delas. Elas ficavam confinadas em um cubículo escuro, sem janela, com apenas um penico para fazer suas necessidades e papel higiênico. Um horror, sem dúvida! Mas, eu nunca concentro minha atenção nos assassinos, serial killers, sociopatas, psicopatas ou o que quer que sejam. É isso que desejam os idealizadores da série, mas, não sai da minha mente a convicção de que essas criaturas "dodóis" são produtos do meio e que ninguém faz coisas, se não pode fazê-las. O MSN Vídeos sugere vídeos relacionados, então, assisti mais um, da mesma série. Este, realmente aterrador, mas, só em partes: um boyzinho canadense, de Toronto, branco, loiro, bonito (na opinião dos que idealizaram e participaram do programa), bem-sucedido, sem antecedentes criminais, de boa família, etc., não sentia prazer no sexo consensual. Então, o que ele fazia? Estuprava adolescentes virgens. Estuprou mais de uma dezena delas. Mas, as coisas ficaram feias mesmo quando ele conheceu a mulher que viria a ser sua esposa, uma adolescente de 17 anos, de uma cidadezinha do interior. Contando com a conivência e a participação dela, suas práticas de violência sexual contra adolescentes evoluíram para o seqüestro e o assassinato. O programa fala por si, não o descreverei em minúcias. O título é "O casal perfeito", exatamente porque ... quem vai desconfiar de "cidadãos acima de qualquer suspeita"?! O problema está exatamente aí. Como já disse, anteriormente, quando vejo programas ou fico sabendo de histórias de serial killers, me concentro menos nos criminosos em si, que no meio que forma e favorece a ação dessas pessoas. É fato que vivemos numa sociedade desigual, em que certos grupos são estigmatizados e vivem sob constante vigilância, cerceados em seus movimentos, condenados, discriminados e excluídos, enquanto os verdadeiros criminosos gozam de todas as prerrogativas. No Brasil, o grupo é composto por negros, nordestinos (principalmente migrantes) e pobres. Nos Estados Unidos, por negros, imigrantes, principalmente de origem latino-americana e asiática e, atualmente, árabes. Não importa se essas pessoas são culpadas ou inocentes, de fato. Pertencem a grupos estigmatizados, na maioria dos casos vivem em locais que não contam com os serviços e possibilidades dos bairros de classe-média e gente mais endinheirada. Eles são os escolhidos pelos poderosos, como repositórios de todo mal e todo vício. Mesmo que sejam pessoas ótimas, honestíssimas, trabalhadoras, afetuosas, generosas, etc. Eles são "criminosos", "perigosos", "errados". Em absolutamente todos os sentidos. É sobre eles que recai a repressão policial, são eles que ficam à espera de uma justiça que, muitas vezes, falha, eles é que morrem aos montes - por negligência, falta de hospitais e atendimento médico adequado, nas mãos da polícia, de criminosos, etc. -, são lesados, violentados, discriminados, vistos de cima e precisam se esforçar muito pra ter um padrão de vida meia-boca! É mal deles que os "paladinos da extrema-direita" falam, é neles que os apresentadores de programas sensacionalistas, sobre crimes, atiram seus dardos envenenados. Porque eles, que sustentam o sistema, são apresentados como "o câncer da sociedade". Enquanto isso, os "bonitinhos", branquinhos, estudados, de boa família, endinheirados, moradores de bairros privilegiados, parentes de pessoas influentes, dão vazão às suas torpezas e, muitas vezes, não são punidos ou recebem punição tarde demais! Gozando de impunidade, esses "cidadãos acima de qualquer suspeita" acreditam que podem fazer tudo que sua imaginação conceber. E não é isso, que nossa sociedade nos ensina? "Quem pode, pode. Quem não pode, se sacode!" Uma pessoa que não tem dinheiro e poder, não pode contar com o apoio da medicina e da justiça, só pra começar! É vista como suspeita pela polícia, mesmo quando é vítima. Não pode nada, ninguém faz vista grossa pras atitudes dos estigmatizados, sejam quais forem. O tal estuprador canadense foi parar na polícia mais de uma vez, como suspeito. Por que escapou tão facilmente? Porque tinha poder. Porque há preconceitos regendo a sociedade em que vivemos e eles dizem, por exemplo, que um rapaz como ele jamais poderia ser um estuprador perverso e violento e um assassino cruel. Se fosse um imigrante mexicano ou chinês, um negro, até parece que seria liberado assim tão facilmente! Deixemos de hipocrisia, que hipocrisia não constrói um mundo melhor! Que diabo de mundo é esse, que dá poder a meia dúzia de pessoas e acoberta, pelo maior tempo possível, as suas atrocidades, enquanto tantos inocentes são vitimados todos os dias? Que diabo de mundo é esse que dá a um boyzinho imbecil a possibilidade de estuprar mais de uma dezena de adolescentes virgens, não porque ele é "doente". Acima de tudo porque tem certeza de que nada vai lhe acontecer! Crê na impunidade! Impunidade que a sociedade em que vivemos dá mesmo aos verdadeiros criminosos! Abuso de poder é uma prática comum, em qualquer canto do planeta. Quem está do lado dos privilegiados, humilha, maltrata, assedia, mata, violenta, destrói vidas de pessoas e, cinco minutos depois, vai com a família à igreja, como se nada tivesse acontecido! Enquanto isso, um infeliz da periferia, que resolveu acender um cigarrinho do capeta, pra descontrair, toma surra de moer os ossos de policiais e vai parar na cadeia, porque porte de maconha é crime, no Brasil! Um pai de família desesperado, vai parar na cadeia porque roubou comida de um supermercado, é tratado como verme! Negros, nordestinos e pobres passam humilhações inomináveis, em todo lugar que vão, são vistos como criminosos em potencial, seguidos, intimidados, expostos a constrangimentos, enquanto os verdadeiros criminosos deitam e rolam. Onde está a maldade, afinal de contas? Onde está o crime? Não parece muito mais lógico que a perversão esteja onde está o poder? Nós, simples mortais, já tivemos vontade de moer alguém de pancadas ou até mandar pessoas mais cedo pro além. Quem nunca sofreu, nem sentiu raiva e indignação, que atire a primeira pedra! Mas ... por acaso pudemos dar vazão à nossa impetuosa vontade? Não. Por que? Porque somos muito bonzinhos, poços sem fundo de ética e de moral? A ética e a moral sem dúvida regulam nossas atitudes, mas, infelizmente, existe outro freio às nossas vontades, muitas vezes mais poderoso que os valores: falta de poder. Já conheci poderosos, sei o que é o poder. E, não existe poder sem duas coisas: conivência e impunidade. Como foi dito nos programas, os criminosos apresentados não agiram sozinhos. Houve e há casos de "lelés" que praticaram crimes hediondos sozinhos, mas, é fato que a conivência de uma ou mais pessoas aumenta o poder de quem quer fazer torpezas. O primeiro, serial killer, contou com o chinês. O segundo, com a conivência da própria esposa que, entre outras garotas, vitimou fatalmente a própria irmã. Mulher que ama demais? Não. Perversa que encontrou uma possibilidade de dar vazão às suas perversões! Felizmente, a quantidade de perversos é pequena, no mundo. Mas, não devemos nos esquecer de que o poder corrompe e que ele é, sim, mais forte que a moral e a ética, na maioria dos casos! Porque a própria sociedade em que vivemos está estruturada em relações de poder, dividida entre opressores e oprimidos, baseada na desigualdade! Os poderosos, podem tudo. Os demais ... Está mais do que na hora de enxergarmos além das ações isoladas de meia dúzia de perversos e analisarmos o meio que permite o desenvolvimento deles. O que é crime, afinal de contas? Roubar um banco ou promover um ataque de bandeira falsa no próprio país? Não pagar royalties à Monsanto ou envenenar populações inteiras, com transgênicos? Puxar um baseado ou estuprar dezenas de mulheres, acobertado pela impunidade? Quem são os verdadeiros criminosos deste mundo? Os que não têm poder ou os que têm? E é fundamental lembrar que os casos expostos nos programas do Discovery Channel foram denunciados, elucidados, os criminosos foram punidos, embora isso não mude o que fizeram. E os tantos crimes que são cometidos por aí, sem que ninguém saiba? Termino com os versos exemplares, cantados pelo saudoso Bezerra da Silva:

"Se você está afim de prender um ladrão / Pode voltar pelo mesmo caminho / O ladrão está escondido lá embaixo / Atrás da gravata e do colarinho ..."

Ah, sim, os "parasitas assassinos". Pois é, estão entre os vídeos do Discovery Channel à disposição no MSN Vídeos. Eu fico impressionada com a capacidade que os estadunidenses têm de transformar coisas comuns em tragédias cinematográficas, com pinceladas de dramalhão mexicano! O título e as sinopses dos tais programas da série são, de fato, assustadores e dão a impressão de que algum tipo de parasita super poderoso, insaciável e com uma tremenda capacidade de reprodução, está prestes a dar cabo de toda a humanidade, antes de 2012 e do tal "apocalipse zumbi"! Aí, eu e meu irmão fomos ver o programa (5º episódio) e ele trata dos parasitas responsáveis pela tênia, a toxoplasmose e a malária, doenças mais velhas que a Sé de Braga, cujos ciclos evolutivos aprendemos nas aulas de Ciências, na infância e, depois, tivemos que decorar, pro vestibular! Confesso que fiquei decepcionada, mas, o plasmodium, por exemplo, deve estar se sentindo importantíssimo! Há anos, ele mata pessoas aos montes, na África e nunca recebeu tanta atenção! Mas, só por ter se instalado no corpo de uma bancária de investimentos, dos Estados Unidos, que, na primeira febre, pôde correr para o médico e contou com toda assistência médico-hospitalar, até a recuperação, ganhou o status de "parasita assassino" e até foi apontado pelo biólogo-celebridade, consultor do programa, como "o mais perigoso dos parasitas"! Eu, se fosse o plasmodium, mudaria de mala e cuia pros States! Matar miseráveis na África, na América Latina e na Ásia não dá futuro pra ninguém! Até a morte deles é miserável, sem equipe de produção pra mostrar a família de plasmodiuns fazendo algazarra no organismo do vivente, quer dizer, morrente! É claro que não deve ser agradável, pra ninguém, conviver com parasitas e saber que há cistos instalados no cérebro, no olho, no fígado. Mas ... glamourizar doenças só porque as vítimas são estadunidenses, bem-alimentadas, com possibilidade de ir ao médico e pagar tratamento, é de lascar! Os médicos são apresentados como heróis, a história é apresentada como uma tragédia e, aí, a gente percebe que ... peraí! Tênia, toxoplasmose e malária são doenças conhecidas, comuns! Pelo menos pra mim, que sou do Terceiro Mundo. Já pensou se eles resolveram contar o ciclo da Doença de Chagas? Deve haver um programa sobre isso! A Doença de Chagas me assustou particularmente, na infância, e olha que meu material didático não foi escrito pela equipe do Discovery Channel, pelo menos eu acho que não! Fiquei com medo de pegar. Fiquei com medo de estar morando numa casa de pau-a-pique sem saber. Fiquei com medo de ser picada pelo barbeiro, de os parasitas viajarem pela minha corrente sanguínea e se instalarem no meu coração, que incharia, incharia, incharia, até ... BUM! explodir. Devo ter passado alguma noite em claro, com um medo irracional de morrer de Doença de Chagas! Caso o barbeiro tenha picado um alto executivo, estadunidense, provavelmente a equipe do Discovery Channel mostrou o parasita, bem feio e ameaçador! A tênia e a toxoplasmose geralmente são conseqüência de falta de higiene e cuidados, como o cozimento completo dos alimentos. A tênia é transmitida ao ser humano se ele come carne de porco mal passada ou, de alguma forma, entra em contato com as fezes contaminadas do porco. A toxoplasmose tem a ver com gatos, ratos e suas sujeiras. Se a pessoa não lava as mãos depois de mexer na caixa de areia do gato, corre risco, por exemplo. Já a malária, é transmitida por picada de mosquito, que não é o Aedes. Vacina e repelentes podem ajudar, mas, pelo visto, malária é meio queima de karma na vida da pessoa, caso ela não seja uma infeliz vivendo num local sem saneamento básico, posto de saúde e condições mínimas de vida digna. Como a bancária de investimentos, que teve a sorte de poder contar com médicos, hospitais e tratamento. Um luxo, acessível a poucos! Não é implicância. Minha forma de ver o mundo é esta: já disse que não deve ser fácil pra ninguém conviver com parasitas, assim tão de perto. Compreendo que todos temos família e somos iguais na fragilidade e no medo do instante da morte. Mas, o programa do Discovery Channel apresentou três privilegiados que, embora tenham sofrido, puderam pagar por tratamento, contar com assistência médica! Moram em locais com possibilidades, pertencem a um grupo restrito. Graças a Deus, sobreviveram; contaram com o auxílio da medicina, porque têm dinheiro. E quem não tem? Doenças transmitidas por parasitas podem ser "exotismo" nos Estados Unidos, mas, são tão comuns quanto gripe em países como o Brasil, apesar de meia dúzia de brasileiros ter a leve impressão de que mora em país de Primeiro Mundo. Aqui, criancinhas carregam barrigões, em que há tênias ou esquistossomos. A esquistossomose - acabei de ler um pequeno texto da wiki - é transmitida por um caracol presente em águas contaminadas. Este caracol já tem o parasita em seu organismo. Do caracol saem larvas que penetram na pele da pessoa que entra em contato com a água contaminada, sem proteção. Saneamento básico e medidas simples de higiene e cuidados, além do combate ao caracol, podem evitar que a doença se dissemine. Quer dizer, muitos parasitas vitimam pessoas em regiões miseráveis por falta de uma infra-estrutura mínima. Será que não há responsáveis pela miséria de tanta gente? Gente que, muitas vezes, mal tem ânimo pra viver e se acostumou com o descaso? Sabe, doenças existem, várias. Mas, glamourizar parasitas que entram em meia dúzia de organismos privilegiados e ignorar as tantas pessoas que morrem sem assistência, vitimadas pelos mesmos parasitas, é de lascar, hein?!

A preguiça vem do baixo nível da programação oferecida às pessoas, até em canais por assinatura, cuja pretensão é transmitir informação e conhecimento aos telespectadores. Sem dúvida, conhecer a história de vida e o modo de agir de criminosos célebres, nos ajuda a nos defender, a identificar os possíveis inimigos. Mas, é simplista, no mínimo, achar que a personalidade de um psicopata, sociopata ou o carambapata pode ser explicada somente pelos psicólogos e psiquiatras que os programas contratam. Como eu disse, acima, a sociedade que permite a ação desse tipo de criminoso também tem problemas muito sérios e é mais nela que devemos prestar atenção. O problema de programas de tv é que eles não são isentos, têm objetivos bastante específicos. E, francamente, apresentar uma série toda sobre crimes hediondos, é de um mau-gosto ímpar, hein?! Pior: de casos que, na época das investigações, julgamentos e punições, já foram pisados, repisados e pisados de novo! O que será que sentem os familiares das vítimas, diante deste fetiche que a tv tem, por crimes bárbaros? E, na maioria das vezes, séries como Atração Perigosa só geram um tipo de sentimento, em quem as assiste: medo. Há meia dúzia de dodóis que ficam fascinados, querem detalhes e mais detalhes, se bobear, até se projetam nos criminosos. Mas, a maioria sente medo. O medo paralistante, tão bem cantado pelo Lenine. Medo do medo que dá. Medo de quem vem lá, afinal, não podemos ter certeza de nada. O medo não gera só a desconfiança, mas, a intolerância e as atitudes extremas e violentas, por parte de quem tem medo. Favorece o desenvolvimento e a disseminação de idéias de extrema-direita, que se alimentam da existência de um "inimigo", geralmente fictício, mas que ganha cara rapidinho. E tudo se desvirtua. Medo tem dose certa. Até comentei com meu irmão que deve ser triste um estadunidense médio, sedentário, inchado e mal alimentado, frustrado e alienado, passando o fim de semana no sofá, absorvendo noções como esta de que, na sociedade em que vivemos, há um criminoso em cada esquina. Aí é que ele não sai de casa, mesmo. E começa a desenvolver paranóias. O mesmo se aplica às tais "famílias". Criminosos existem, sim, principalmente onde menos se espera que estejam. Mas, que tipo de cidadão uma cultura do medo, produz? Pelo amor de Deus, que idéia de mundo tem uma criatura que vê muita televisão? Os programas são editados de uma forma que fica difícil não achar que o vizinho, pensando bem, tem cara de assassino, aquilo na sacolinha de supermercado, não é um braço? Sim, existem malucos, ainda mais hoje em dia. A cada dia, aparece um surto diferente. Mas ... calma lá! Discernimento é importante e a Mídia não quer que as pessoas tenham discernimento! Já não basta a pessoa ser obrigada a trabalhar num sistema que enriquece meia dúzia de outros, afastada da casa, da família, de si mesma e de tudo que realmente importa, enfrentar trânsito, poluição, caos e stress? Já não basta ela receber um salário de merda e viver se endividando e se "desendividando", porque só a meia dúzia de outros, pode comprar coisas como apartamento, à vista? A pessoa ainda chega em casa, ou fica em casa no fim de semana, liga a televisão e vê toda uma série dedicada a criminosos cruéis e perversos ou a parasitas devoradores de órgãos humanos! Quer dizer, em momento algum ela pode se sentir minimamente em paz, né?! Principalmente, porque gente em paz pensa e pensar não é conveniente! O medo que a televisão injeta nas pessoas, é estúpido, paralisante, só serve pra deixá-las confinadas em casa, sem cuidar da saúde e exercer a cidadania! Porque, os programas falam que mocinhas inocentes caminhavam às tantas da madrugada pela rua, quando foram arrastadas por um estuprador, para um canto escuro. Não falam que uma mocinha devia ser menos inocente e procurar andar acompanhada ou em turma, mesmo, porque isso é se cuidar, não é ter medo besta! Os programas falam de uma das vítimas do estuprador canadense, que foi seqüestrada em plena luz do dia, por ele e pela esposa, e jogada num carro. Não fala de quem viu a coisa e a deixou acontecer. Porque ... será que ninguém nota que há coisas estranhas acontecendo? Se tanta gente é tão boa na arte de cuidar da vida alheia, por que não o faz, quando gente é ameaçada, violentada e maltratada? O medo, entre outras coisas, destrói a solidariedade. Ele paralisa e bestifica as pessoas. Só. Alguém que vive de medo é um molambo, que jamais vai se tocar da força que tem e do quanto fica ainda mais forte, quando se une a outras pessoas! Lembremos que os criminosos só agem quando e se acham que podem agir! Poder, é isso que os sustenta. E quem dá poder a eles, também é quem os teme irracionalmente e se coloca na posição de vítima indefesa, absolutamente vulnerável e que precisa esperar duzentos anos pela resposta da Polícia e da Justiça! Não sejamos idiotas! A Mídia está vendida e quem a comprou quer mais é que as pessoas babem, diante da televisão e sejam coniventes com crimes e atrocidades! Medo, quando é instinto de preservação, tudo bem. Quando é paranóia, deve ser erradicado. Os programas do Discovery Channel, que assisti, abusam do sensacionalismo, da pieguice, da manipulação sórdida da fragilidade alheia e dos clichês, só pra que as pessoas não tenham vontade de viver, porque viver é perigoso. É o medo do medo que dá. Aliás, ouça a música do Lenine e reflita! A educação pelo terror está mais do que ultrapassada, mas, parece que a tv ainda não entendeu isto ...

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Pois é, amanhã (acho) estou de volta! Abraços e até a próxima postagem! HK5_send_love_to_2

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