Sermão da Planície (Carlos Drummond de Andrade):

Olá Como estão? Espero bem. Eu estou bem, tive um dia bastante produtivo! 

Em um dos meus últimos posts (este), disse que não escreveria sobre a Copa do Mundo, aqui no Hidden Luna. E, de fato, não pretendo fazê-lo. Mas, há algo que desejo comentar e algo que desejo compartilhar. O comentário é sobre a vaia da torcida brasileira, presente no Mineirão, durante a execução do hino chileno. Foi uma tremenda falta de educação, respeito e consideração pelo próximo, transmitida para o mundo inteiro, ou seja, como dizia a minha avó paterna: que papelão! Os chilenos revidaram, mas no caso deles foi defesa, não ataque. O hino é um dos símbolos pátrios de um país, vaiada foi a pátria do Chile, não o time! Se algum chileno passar por aqui, eu gostaria de pedir desculpas e garantir que nem todos os brasileiros são assim. Torci e fiquei muito feliz com a vitória do Brasil, mas a partida teve parte considerável do brilho retirada pelo bando de mal-educados, incapazes de respeitar o adversário! Pronto, falei!

O que desejo compartilhar, é uma crônica deliciosa do Carlos Drummond de Andrade. Se você não sabe quem ele é, te dou cinco minutos pra sentir muita vergonha e outros cinco pra fazer uma pesquisa rápida, no Google! … O Drummond poeta é talentosíssimo, um dos melhores da nossa literatura, mas eu gosto muito do cronista! Crônicas, aliás, são textos ótimos pra despertar o prazer da leitura . Estão entre o jornalismo (porque, pelo menos no início eram escritas em jornais) e a literatura. Os bons cronistas são capazes de comentar fatos de uma forma que um jornalista não consegue, exatamente por acrescentarem arte, lirismo! E o Drummond é um dos melhores, na minha opinião. Tenho quase todos os livros de crônicas dele. A crônica que escolhi faz parte do livro Boca de Luar (mais detalhes abaixo), disponível nas bibliotecas de São Paulo e na livraria Cultura, que é bem legal, porque entrega os produtos rápido e sem problemas! Este é o meu livro, aliás …

O Sermão da Planície, baseado no bíblico Sermão da Montanha, é o máximo! Eu lembrei muito dele durante o jogo do Brasil, porque realmente foi algo só para os fortes!Espero que vocês gostem da crônica, tanto quanto eu. Reproduzo aqui a versão do livro, sem reforma ortográfica :

SERMÃO DA PLANÍCIE

(para não ser escutado)

Bem-aventurados os que não entendem nem aspiram a entender de futebol, pois deles é o reino da tranqüilidade.

Bem-aventurados os que, por entenderem de futebol, não se expõem ao risco de assistir às partidas, pois não voltam com decepção ou enfarte.

Bem-aventurados os que não têm paixão clubista, pois não sofrem de janeiro a janeiro, com apenas umas colherinhas de alegria a título de bálsamo, ou nem isto.

Bem-aventurados os que não escalam, pois não terão suas mães agravadas, seu sexo contestado e sua integridade física ameaçada, ao saírem do estádio.

Bem-aventurados os que não são escalados, pois escapam de vaias, projéteis, contusões, fraturas, e mesmo da glória precária de um dia.

Bem-aventurados os que não são cronistas esportivos, pois não carecem de explicar o inexplicável e racionalizar a loucura.

Bem-aventurados os fotógrafos que trocaram a documentação do esporte pela dos desfiles de modas, pois não precisam gastar tempo infindável para fotografar o relâmpago de um gol.

Bem-aventurados os fabricantes de bolas e chuteiras, que não recebem as primeiras na cara e as segundas na virilha, como os atletas e os assistentes ocasionais de peladas.

Bem-aventurados os que não conseguiram comprar televisão a cores a tempo de acompanhar a Copa do Mundo, pois, assistindo pelo aparelho do vizinho, sofrem sem pagar 20 prestações pelo sofrimento.

Bem-aventurados os surdos, pois não os atinge o estrondar das bombas da vitória, que fabricam outros surdos, nem o matraquear dos locutores, carentes de exorcismo.

Bem-aventurados os que não moram em ruas de torcida institucionalizada, ou em suas imediações, pois só recolhem 50% do barulho, preparatório ou comemoratório.

Bem-aventurados os cegos, pois lhes é poupado torturar-se com o espetáculo direto ou televisionado da marcação cerrada, que paralisa os campeões, ou do lance imprevisível, que lhes destrói a invencibilidade.

Bem-aventurados os que nasceram, viveram e se foram antes de 1863, quando se codificaram as leis do futebol, pois escaparam dos tormentos da torcida, inclusive dos ataques cardíacos infligidos tanto pela derrota como pela vitória do time bem-amado.

Bem-aventurados os que, entre a bola e o botão, se contentaram com este, principalmente em camisa, pois se consolam mais facilmente de perder o botão da roupa do que o bicho da vitória.

Bem-aventurados os que, na hora da partida internacional, conseguem ouvir a sonata de Albinoni, pois destes é o reino dos céus.

Bem-aventurados os que não confundem a derrota do time da Lapônia pelo time da Terra do Fogo com a vitória nacional da Terra do Fogo sobre a Lapônia, pois a estes não visita o sentimento de guerra.

Bem-aventurados os que, depois de escutar este sermão, aplicarem todo o ardor infantil no peito maduro para desejar a vitória do selecionado brasileiro nesta e em todas as futuras Copas do Mundo, como faz o velho sermoneiro desencantado, mas torcedor assim mesmo, pois para o diabo vá a razão quando o futebol invade o coração.

Carlos Drummond de Andrade, Boca de Luar, RJ: Record, 2009, p.75-77.

Abraços e até a próxima postagem!

Luna

Gratidão – Adendo.

Já passou da hora de criança estar na cama, mas, meu irmão me mostrou um vídeo ótimo no Facebook sobre gratidão, aproveitando o assunto do último post. Vale a pena assistir, é lindo e comprova que a gratidão, de fato, nos deixa mais felizes!

Abraços e até a próxima postagem!

Luna

Gratidão não é droga: pratique!

Aviso: Este não é um texto de autoajuda. E eu ainda não me acostumei a escrever junto o que costumava separar por hífen! Ninguém me consultou antes de fazer a reforma ortográfica (como se eu tivesse alguma importância no ramo …) e eu sinceramente acho que ela tirou parte considerável do charme da Língua Portuguesa!

Olá Tudo bem com vocês? Espero que sim. Comigo tudo bem. Agora. Eu não estava bem. Por motivos que, agora, me parecem insignificantes. O que fiz, pra me sentir melhor? Conversei com um amigo muito querido . Sobre amenidades, nem disse que estava triste. Meu astral mudou completamente!Não estou estourando fogos de artifício, mas feeling sweet, como eles dizem lá. E sintam-se livres pra pensar a besteira que quiserem! Existem pessoas, na minha vida, que me fazem bem pelo simples fato de existirem. E eu sou muito grata por isso! Gratidão é algo que esta sociedade não nos ensina a manifestar, nem mesmo as religiões, tão concentradas no “Deus, me dê isso, aquilo e aquilo outro!”. Aliás, nesta época de festas juninas, Santo Antônio deve estar sofrendo uma barbaridade, supliciado por malucas dispostas a tudo por um marido! Esta é uma sociedade focada na ganância, não na gratidão. Por isso há tanta gente “que vive chorando de barriga cheia”, como diz sabiamente o Zeca Pagodinho numa canção. Eu mesma às vezes me esqueço de prestar atenção em todas as razões que tenho pra agradecer. É difícil dissociar a gratidão da religiosidade, de uma crença em um ser superior. Eu não tenho religião, mas acredito em um Princípio que está em tudo, aqui e agora. Agradeço a este Princípio. Mas, acho que a gratidão é possível mesmo sem fé. Não vou elencar aqui todas as razões que tenho pra agradecer, pra não ser mal-interpretada (vai com hífen, mesmo!). Porque, né?! tem gente dodói por aí que pensa que ter consciência das bênçãos recebidas (e não há nada de religioso no que acabei de dizer!), é ser arrogante. Não, não é. Pelo contrário, a única coisa que penso quando considero o quanto Papai do Céu foi legal comigo, é em responsabilidade. Não recebemos dádivas para nos vangloriarmos delas. Ostentação não é gratidão.

Minha concepção da vida está diretamente ligada à espiritualidade. Não posso evitar. Sempre fui assim. Acredito que faço parte de um todo. E tenho plena consciência da sociedade extremamente desigual em que vivo. Infelizmente, a maioria das pessoas só consegue manifestar gratidão quando se compara com quem está numa condição menos favorável ou muito pior, mesmo. É por isso que as mães e avós dos meus tempos de criança diziam que tínhamos que comer porque muitas crianças passavam (e ainda passam) fome no mundo. Um argumento complicado (principalmente quando a comida não é, assim, uma Brastemp), mas válido, porque verdadeiro. Você pode até fingir que não há gente passando fome ao seu redor. mas há. Pode até inventar argumentos pra justificar a fome alheia e se livrar do peso na consciência, mas em muitos casos a única explicação pra fome e a carestia alheias é a desigualdade social, sustentada pela ganância daqueles que têm mais que o suficiente. E eu sei que parte considerável dos meus leitores tem mais que o suficiente, assim como eu também tenho. O que fazer  Existem várias opções, de ostentar e esfregar bens materiais e possibilidades na cara dos outros a agradecer e evitar o consumismo e a ostentação. Eu prefiro as últimas opções, mas você, caro(a) leitor(a), é livre pra fazer o que quiser! Só pense que suas atitudes têm consequências e a vida dos ingratos costuma ser menos florida . Se há gente passando fome no mundo (não apenas na África), que tal comer menos e não deixar comida no prato? Quando eu era criança, deixar comida no prato era feio, caca, não podia. Quando dei aula para crianças de 5 anos, numa EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) em São Paulo, assistia a verdadeiras orgias diárias de desperdício de comida! Tonéis cheios de comida. Sempre fui a mais heavy metal das “tias”, mas existe algo chamado desvantagem numérica. Até tentei dizer à coordenadora que os petizes estavam agindo de forma ligeiramente escrota, mas ela me olhou com aquela benevolência dos acomodados e disse: “Mas, é um direito que eles têm!” Sem dúvida, as crianças têm o direito de comer. Não de jogar comida fora Se a comida é ruim, substitui-se a cozinheira. Ou merendeira. Tudo é uma questão de diálogo. Não sei dizer se a comida era ruim, porque nunca consegui comê-la. Ver o que as crianças faziam no almoço me tirava completamente o apetite, eu nem fazia meu prato! O resultado foi uma anemia daquelas. As crianças comiam quatro vezes por dia e não estou falando de lanchinhos super saudáveis e porçõezinhas! Além de um absurdo, aquilo era uma mordomia rara de se ver! Evidentemente, não acontecia e não acontece em todas as escolas. Em algumas, falta merenda. Para outras, são mandados alimentos vencidos. Mas, se eu decidisse que ninguém naquela p**** comeria mais do que uma porção pequena e não repetiria, porque daqui a poucas horas teria lanche, talvez tivesse que enfrentar mães com enxadas, garfos, paus e pedras na porta da escola! Como falar em gratidão, em tais circunstâncias?! Dá? Não dá. Gratidão também é atitude. Não adianta só gastar Latim agradecendo a Papai do Céu e desperdiçar comida ou simplesmente não usar as coisas (ou possibilidades). É de fato na infância que formamos nossa personalidade. Em que tipo de pessoas aquelas crianças (que eram absolutamente intratáveis) se transformaram? Eu tentei discipliná-las. Mas eu era a Rainha Má. Prefiro em Inglês, Evil Queen, é mais charmoso! Em escola infantil, dá pra ter uma idéia do quanto a humanidade é dodói e do quanto posturas escrotas são simplesmente passadas adiante. Desperdiçar comida, é feio, tá?! Tudo que você come teve um custo pra Natureza. E existem pessoas que adorariam se alimentar do que você joga fora. Aliás, eu, fã de documentários (bons), frequentemente assisto filmes sobre a quantidade astronômica de lixo que nossa sociedade produz e o destino dele. Você sabia que gente come o seu lixo? Verdade. Como diria a Chiquinha: pois é, pois é, pois é! Você consegue se sentir ok ou se manter indiferente? Eu, não. Ninguém precisa dividir todos os seus bens com os mais necessitados, fazer voto de pobreza ou se privar das coisas. Apenas pensar. Comer porções menores, não desperdiçar comida. Se a comida é ruim, há maneiras de solucionar o problema. Sem dúvida, eu defendo posturas ambientalistas. Mas isso não é ser ambientalista. É manifestar gratidão.

Espero que meus leitores compreendam que não desejo ensinar ninguém a viver ou se comportar. O propósito deste blog tem muito mais a ver comigo e com minha busca. Mas, como eu disse no subtítulo, talvez algumas das minhas reflexões ou atividades sejam úteis, agradáveis ou interessantes pra outras pessoas. E eu acho, mesmo, que gratidão é uma coisa legal! Nossas conquistas não são apenas nossas. Se você tem uma profissão e um emprego, não teria absolutamente nada sem quem permitiu que você estudasse (seus pais), sem aquele professor ou professora que te alfabetizou, sem os tantos outros que te transmitiram saberes essenciais pra passar de ano, prestar vestibular, concluir uma faculdade e sem todos aqueles que sustentam a sociedade do jeito que é, fazendo o trabalho pesado e sujo, pra que você viva no bem-bom e reclame! Porque, yes, baby, it’s a wild world. Não estou chamando vocês de reclamões, ingratos irremediáveis, mas, todos nós somos ingratos, de vez em quando! A blogueira não tem nada de santa. Quando estou triste, não vejo nada além da minha tristeza e também esqueço de agradecer. Aí, invariavelmente, faço merda. A infelicidade é a grande mola propulsora de todas as bobagens que fazemos. E, por que nos sentimos infelizes? Por n motivos. Mas também porque esquecemos de ver o que temos ou somos de bom. Gratidão. Tipo, eu posso até ter sido deixada no vácuo por um cidadão que, no dia anterior, disse que eu era luz, raio, estrela e luar, manhã de sol, meu iaiá, meu ioiô. Mas tenho amigos extraordinários, que disponibilizam colo a qualquer hora! Sou grata por isso. Está um dia agradável de sol, finalmente meu cd da Bethânia chegou (mas só vou poder ouvi-lo à noite), é sexta-feira, eu estou viva, saudável, aprendi a ler e escrever, fiz faculdade graças ao barulho feito por tantas feministas mundo afora, posso ter um blog! … Nós aprendemos a ser gratos quando percebemos que nada vem de graça. E isso nos transforma. Não tenho nada contra uma pessoa que acha que não pode ser feliz de jeito nenhum sem um jatinho novo. Mas, me pergunto se ele ou ela não seria mais feliz se desse valor ao que já tem. As pessoas são diferentes. Muitas das coisas que considero essenciais são absolutamente supérfluas pra muitos. Mas, eu amo cada uma delas. E não pude tê-las por muito tempo. Foi na fase das vacas raquíticas que aprendi a considerar o essencial. Ninguém precisa passar pela mesma coisa pra chegar à mesma conclusão. Só acho que estamos vivendo num mundo em que as pessoas valorizam cada vez menos as pequenas coisas e alegrias . Não se importam de exaurir o planeta, desde que tenham mais. E acham que não têm nada a ver com a miséria alheia. Escolhas … Eu me sinto melhor agradecendo e usufruindo, sem consumismo, ostentação e outras práticas destrutivas. Gratidão é importante. Não só porque muitas pessoas não têm o que temos, não só em termos materiais, mas de possibilidades. Isso não nos faz superiores, mas privilegiados, sim. E privilégio é responsabilidade. Com certeza vocês, caros leitores, têm muitas razões pra agradecer. Não me entendam mal, este post não é uma cobrança, apenas uma reflexão. Nós sabemos que não estamos vivendo no mais simpático dos mundos. E eu acho que certos princípios essenciais estão desaparecendo. A gratidão é um deles. Ter conversado com o meu amigo querido e pensado que, pô, ele existe, é uma pessoa ótima, sempre pude contar com ele, devo ser grata, me fez muito bem! Expressei minha gratidão ao conversar com ele, repetir que ele é um cara legal demais. Porque, né?! a gente tem que dizer o que sente, quando isso é bom e faz bem às pessoas. A gratidão ilumina a alma . Perto dele, o idiota que me mandou passar amanhã é só um idiota que me mandou passar amanhã. Estou aprendendo a considerar as coisas certas e a gratidão está me guiando. Espero que vocês também percebam todas as razões que têm pra se sentirem bem!Link da imagem: http://thehappinesscoach.biz/wp-content/uploads/2012/07/gratitude-rainbowspiral1.jpg

Abraços e até a próxima postagem!

Luna

Não vai ter Copa!

Olá Como vão? Eu confesso que não estou no melhor dos estados de espírito. Mas, ontem, atualizando o Multi Maiden, percebi que escrever me faz bem! Então, aqui estou. Peço desculpas (de novo) pela demora, mas junho é um mês cheio de acontecimentos, ainda mais este! Enquanto estou no meu quarto, ouvindo o fantástico Fôlego, álbum do Filipe Catto (Você não o conhece?! Como assim?! No final deste post, colocarei um link para o Fôlego, na Rádio UOL, embora recomende a compra do álbum! Vale a pena! ), muitos canais de televisão por aí estão transmitindo a Copa do Mundo . E eu não tenho nada contra isso, apesar do título do blog! Concordo com os protestos legítimos, contra os gastos bilionários com a infraestrutura (sabe que me sinto desconfortável de escrever junto o que costumava separar por hífen?! ) da Copa, num país em que faltam serviços essenciais pra população. Não concordo com o quebra-quebra promovido por meia dúzia de pessoas, MAS, reprovo totalmente o uso da violência pela polícia ao reprimir manifestantes. Este não é e não será um blog político, então, não me alongarei em considerações sobre a validade ou não dos black blocs. Só acho que a mídia já criminaliza movimentos sociais por hábito (e interesse) e a ação de mascarados dispostos a quebrar o que vêem pela frente (black blocs ou não) não ajuda muito quem utiliza formas mais eficazes de protesto. A maioria das pessoas é dodói e acha que até escorregão em casca de banana é culpa do PT ou da esquerda. A ação de indivíduos ou grupos que destróem patrimônio numa sociedade que valoriza excessivamente bens materiais, não ajuda os dodóis a respirarem fundo, tomarem um copo d’água e considerarem a validade de movimentos sociais. Mas, esta é apenas a minha opinião. Já disse que sou a favor dos protestos legítimos e jamais criminalizaria movimentos sociais. MAS (de novo), este, acima de tudo, é um blog fofo . Eu sou mais heavy metal no Multi Maiden. Ou o quão heavy metal uma mulher afetiva e girly até os ossos consegue ser . E a verdade é que não tenho nada contra a Copa do Mundo, por mais que saiba que é um evento organizado pela FIFA e que o “padrão FIFA” não tem nada a ver com o povo brasileiro. Estou até gostando de assistir os jogos! Futebol, quando bem jogado, é muito legal de assistir! Eu gosto de futebol. Joguei futebol na adolescência. Fui devota do São Paulo Futebol Clube durante muitos anos e, até hoje (e desde sempre), o Tricolor é meu time do coração! Mas, não assisto uma partida do Campeonato Brasileiro ou Paulista há milênios, nem sei quem joga no São Paulo atualmente! Eu sabia a escalação na época do Zetti (lindo!), do Raí, do Leonardo. Gosto de futebol, mas não como antes. Agora que a Copa está rolando, até sou capaz de discutir futebol. Sei o que é falta, pênalti, escanteio, tiro de meta. Não participo de bolões, porque não vejo graça nenhuma em apostas. Quando jogo algo (baralho, por exemplo), é por jogar. E sinceramente acho inútil participar de bolões numa Copa imprevisível como esta! Aliás, quem diz que esta é a “Copa da zica” só porque os resultados não têm sido os esperados, não tem espírito aventureiro! A graça desta Copa está exatamente no caráter imprevisível! Quem quer saber logo de cara os resultados, que vá ver os filmes da FIFA sobre as Copas anteriores, oras! Achei sensacional a eliminação da Espanha, por razões que estou com uma preguiça imensa de mencionar (não insista); fiquei triste pela derrota do Irã, ontem, não só porque a Argentina venceu, mas porque os iranianos jogaram muito mais bola e também torci pela Nigéria e fiquei feliz pela vitória, considerada “polêmica” por muitos! Hoje, não vi nenhuma partida. Talvez assista Estados Unidos vs Portugal.

Não comprei o álbum da Copa e sempre fico sem saber o que pensar ao passar pelo vão do Masp e ver aquele monte de gente animadíssima trocando figurinhas. Tenho dois álbuns de figurinhas. Da Hello Kitty . Um, quase completei. E tenho um montão de figurinhas repetidas que, neste caso, não são inúteis! Pra não dizer que nunca tive álbum de futebol, eu tive um, do Campeonato Italiano, quando era adolescente, da Panini. Depois da Copa de 1994, me interessei bastante pela seleção italiana (sim, eles eram lindos), tive uma espécie de paixão platônica pelo Roberto Baggio, aquele que errou o pênalti na final contra o Brasil, aí descobri que ele jogava na Juventus de Turim, virei torcedora do time (e me apaixonei pelo Alessandro Del Piero), aprendi italiano, fiz amizade com italianos e muitas coisas incríveis surgiram daí! Histórias que devo contar um dia, mas não agora. Sou torcedora da Juve até hoje, mas do mesmo jeito que sou do São Paulo: não vejo uma partida há eras geológicas! Então (voltando ao princípio), comprei o álbum do Campeonato Italiano e não lembro se completei. Mas, é evidente que sempre preferi álbuns de figurinhas bonitinhos, afinal, ninguém se torna girly: nasce girly . De qualquer forma, não fiquei (e não fico) imune à beleza de certos jogadores em Copa do Mundo. MAS, simplesmente não consigo ser como muitas mulheres que dividem os moços em pedaços e louvam partes, em detrimento do todo (bonita essa frase! …). Não consigo morrer de amores pelo derrière do Hulk, por exemplo. Pra mim, aliás, ele é só um homem grandão. Geralmente, eu gosto dos caras fofos e não necessariamente eles são belíssimos ou têm corpos estonteantes. Antigamente, eu até era capaz de levar em consideração só a aparência das pessoas, hoje não sou mais. E nunca conseguirei dividir seres humanos em pedaços e considerar cada parte, como se tivesse existência própria. Nada contra quem consegue. As pessoas são diferentes, afinal de contas. 

Acho uma bobagem quem é anti-Copa em época de Copa. Se a pessoa não gosta de futebol, não vê graça nenhuma no evento, acha que a FIFA é uma organização de gente feia e má (o que, de fato, é) ou está completamente na vibe dos protestos, ok. Ficar se vangloriando disso, destilando amargor nas redes sociais e sustentando a clássica postura “do contra”, sinto muito: me parece pura vontade de aparecer. O futebol é um dos esportes mais populares do mundo. É, de fato, legal de assistir. Desperta paixões arrebatadoras, por isso, pode ser perigoso (pensemos nas torcidas organizadas e no que são capazes de fazer, quando a razão desaparece). No Brasil, o futebol faz parte da vida até de quem não curte ou é indiferente. Deixou de ser exclusividade de homens há muito tempo. Faz parte da cultura brasileira. Então, não gostar ou não se importar, é uma coisa. Natural. Difícil, em tempos de Copa, já que não conseguimos escapar: é o assunto do momento. Mas, se você, que está lendo este post, não gosta de futebol e acha a Copa totalmente dispensável, não assista, faça outra coisa durante os jogos do Brasil, dedique-se a um hobby, medite, leia um livro, jogue vídeo game, plante uma árvore, faça um bolo (sugestão aqui), escreva um diário. Ou vá pra rua protestar, se suas razões são políticas. Não encha as paciências de quem está curtindo. É chato, desagradável e desnecessário. Você não demonstra inteligência desprezando o futebol ou o evento. Muitas pessoas inteligentíssimas gostam de futebol e estão acompanhando a Copa. Tipo, eu . Brincadeiras à parte, não condene quem está se divertindo. A Copa é um fato, está acontecendo apesar de todos os pesares e dificilmente acontecerá aqui de novo. Pensei nisso antes de pedir o Fuleco de pelúcia, de presente. Sim, eu ganhei . O preço é “padrão FIFA”, mas eu sinceramente acho o mascote bonitinho e fofo e pensei que talvez eu nunca mais veja outra Copa no Brasil. Então, quis uma lembrança! O sumiço do Fuleco no evento, aliás, gera uma discussão bastante interessante. Não vou abordar o assunto aqui, mas no Multi Maiden. Estou assistindo os jogos, sempre que possível e torcendo pelo Brasil, porque acho que vale a pena! Os meninos não são o bando de arrogantes, que só querem saber de balada e ostentação, que vi várias vezes, em várias Copas. O Neymar, até agora, está jogando muito e ele é humilde de verdade! O David Luiz é um fofo. O Hulk é simpático, não vejo estrelinhas, apesar de dois jogadores que considero posers (e não direi quem são, pelo menos por enquanto)! Só acho que o Brasil precisa melhorar bastante, se quiser avançar na competição. O jogo contra o México já foi um sofrimento e tanto! Vejamos como será a partida contra Camarões, que não está ganha, apesar do que dizem certas pessoas, por aí. Estou gostando desta quebra de rotina, de voltar pra casa mais cedo e assistir futebol. Vi meia dúzia de estrangeiros pelas ruas de São Paulo, estou curtindo! Daqui a um mês, a Copa será apenas uma lembrança.

MAS (estou gostando de enfatizar o mas, hoje!), também é preciso descansar um pouquinho da Copa. Afinal, em junho acontecem outras coisas! Festas Juninas, por exemplo. Eu sempre fui apaixonada por Festas Juninas e me deixa meio triste ver que, neste ano, elas não estão recebendo tanta atenção, pelo menos aqui em São Paulo. Inclusive, em pleno mês de cerimônias super brasileiras, não houve uma menção sequer às Festas Juninas na cerimônia de abertura da Copa, que foi, sim, um horror! E eu fiquei indignada não por complexo de vira-lata, síndrome de Estocolmo ou servilismo aos estrangeiros. Não! Acho que a cerimônia foi bem Brazil. O mesmo Brazil representado pela torcida ali presente, que não tem nada a ver com o povo brasileiro e diz muito sobre este país. Aliás, vocês viram o vídeo dos yellow blocks, da Folha de São Paulo (TV Folha)? Procurem por “a Copa VIP dos yellow blocks”, no YouTube. Gente!Ninguém merece a elite material deste país! Devo dizer que não tenho nada contra poder aquisitivo, desde que não seja demasiado, ainda mais num país tão desigual quanto o Brasil. Excesso, não! Não acho bacana, mesmo, a injustiça social que existe aqui e diante das reclamações e da falta de educação da galera VIP da Copa do Mundo, sinto vergonha de ser terráquea, quase rezo pra ser sequestrada por uma nave espacial! Não adianta nada uma pessoa ter dinheiro se não tem classe, educação, princípio do respeito, capacidade de sentir empatia. Esta é uma sociedade na qual a elite material é completamente miserável, no sentido existencial. Infelizmente, eles transmitem às pessoas a idéia de que só dinheiro basta. O vídeo é lamentável, como foi lamentável a ofensa à presidenta. Mandar alguém tomar naquele lugar, é só falta de educação e respeito, não é “atitude super politizada, de pessoas que estão fartas deste governo corrupto”. Aliás, estamos vivendo num país em que poucos têm parado pra pensar, hein?! Às vezes, eu sinto medo … Devo esclarecer que não sou petista. Achar que a presidenta merece respeito e que existem formas mais eficazes e menos escrotas de demonstrar insatisfação com o governo dela, definitivamente não faz de mim uma petista! … Voltando à cerimônia, eu fiquei indignada por não ter visto o meu país representado nela! Em momento algum! Ficou parecendo uma apresentação do Cirque du Soleil. Só que bem pior! Aí, eu ouvi meia dúzia de gente com síndrome de Estocolmo dizendo que “o Brasil não é só samba e derrière sacolejante de passista”. De fato. Mas, eu preferia ver uma escola de samba. Ou algo que lembrasse as Festas Juninas. As torcidas brasileiras estão menos monocromáticas e isso é bom. Mas ainda não vejo completamente o meu país. E por que diabos colocaram o Pitbull e a Jennifer Lopez pra cantar o tema da Copa, que também é um horror?! A Claudia Leitte apareceu no clipe e na cerimônia pra não ficar mais chato, né?! Tipo: tá a gente concorda em colocar uma brasileira. Desde que seja “padrão FIFA”. O Brasil tem a música mais extraordinária do mundo (e quem não concorda, devia ouvir menos música estrangeira!), centenas de artistas que podiam ter feito um puta tema e chamaram aquilo, pra fazer um tema horroroso, que em nada lembra o Brasil e não tem uma gota de energia?! Ah, pelo amor de Deus! … O tema da Copa de 1998, que aconteceu na França, não foi cantado por um francês, mas por um latino, o Ricky Martin. Aquela música é ótima! Infinitamente mais latina e até brasileira que We Are One (Deus me livre de ser one com o Pitbull, credo!)! Música que empolga, pode ser tranquilamente cantada pela galera bêbada e tem energia, vida! Quem concordou com a escolha do tema da Copa de 2014 e dos intérpretes não gosta da gente. Mesmo!

Continuando (e finalizando), este foi o primeiro e será meu último post sobre a Copa no Hidden Luna. Se quiserem ler sobre a Copa, confiram o Multi Maiden. Os posts são em Inglês e eu achei melhor enfatizar a competição lá, já que pessoas do mundo todo lêem o blog, o que me deixa muito feliz! Então, não vai ter Copa no Hidden Luna. Quem acompanhou o texto até aqui, compreendeu (espero) que eu estou acompanhando a Copa, torcendo pelo Brasil e assistindo os jogos sempre que possível. Agora, está rolando Portugal vs Estados Unidos, mas lá na sala, só estou ouvindo o Datena se esgoelar na transmissão da Band! Aliás, não deixa de ser curioso ver o Datena narrando futebol! Ganhei o Fuleco de pelúcia, acho desnecessária a implicância de certas pessoas com o coitado do mascote, principalmente porque, apesar do nome e da sacanagem da FIFA, o que motivou a escolha do tatu-bola foi uma causa nobre (ele está ameaçado de extinção)!   Eu gosto de causas nobres. Mas, nem só de Copa do Mundo é feita a vida e eu quero mesmo dar corpo e consistência ao Hidden Luna! Desejo voltar o mais rápido possível. De qualquer forma, espero que vocês tenham curtido o post, até a próxima postagem!

Abraços,

Luna

P.S.: Eu tentei colocar aqui a URL do álbum Fôlego, do Filipe Catto. O álbum está na Rádio UOL, completo e se vocês quiserem conferir, utilizem a ferramenta de busca. Aí, é só selecionar as músicas que estão no álbum Fôlego. O Filipe Catto, é cantor, compositor e músico gaúcho, uma das incríveis surpresas da nova MPB, simpático, talentoso e lindo! Vale muito a pena conhecer o trabalho dele. O link da Rádio UOL é este:

http://www.radio.uol.com.br/#/home

P.P.S.: Eu comentei sobre a música La Copa de la Vida, cantada pelo Ricky Martin, tema da Copa de 1998. Na minha opinião muito, muito melhor que We Are One! Muito mais latina! E para um evento francês! Perto dela, a We Are One dá (mais) nojo!