segunda-feira, 21 de julho de 2014

Guimarães Rosa. Porque sim!

Olámini_gifs187 Como estão? Eu estou bem. Peço desculpas pelo atraso. Sinceramente acho que devo me dedicar mais aos meus blogs 1NyankoPencilPink. Escrever é prática e eu me sinto uma pateta quando fico muito tempo sem fazê-lo. Nem sei por onde começar! E preciso encaixar esta atividade entre as outras que fazem parte do meu dia-a-dia mini_gifs55. Sim, porque sou responsável pela minha vida, em todos os aspectos. Blogs pessoais, via de regra, são intermitentes, a não ser sejam fonte de renda. Os meus ainda não são. E mesmo se/quando forem, não deixarei de assumir minhas responsabilidades. Preciso arrumar um tempo para a escrita. Só quem escreve, sabe o quanto não é fácil. Meus posts são de minha autoria, por mais que eu cite outros textos e autores. Dá trabalho transformar idéias e palavras em algo que faça algum sentido! …

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Ultimamente, estou num momento introspectivo, ou seja, não muito comunicativa. Vocês já pararam pra pensar que todas as escolhas que fazemos, moldam nossa vida e causam impacto em outras vidas e no planeta? Smiley surpreso Sou do tipo que pensa em coisas assim. Reflito tanto que babo / pensando na situação, como diria o Falcão (ícone do universo brega, não esportista). Há quem não se dê ao trabalho e cometa de trapalhadas a atrocidades. Não quero ser assim. E é algo meu, não tem nada a ver com vocês ou quem quer que seja. Me aborrece enfatizar toda santa vez que meus posts não são recados mandados. Algumas pessoas se sentem desconfortáveis com minhas palavras, como se eu estivesse condenando o comportamento delas e, muitas vezes, eu nem as conheço! Gostaria de deixar claro que a minha vida já me absorve o bastante e eu tenho centenas de inquietações sobre o mundo em que meu espírito veio parar. Tenho trabalho, serviço de casa, supermercado, feira, academia pra fazer, hobbies aos quais me dedicar, amigos e familiares pra curtir. A “vida alheia” nunca me interessou, a não ser em termos filosóficos, mas sempre o coletivo, dificilmente o individual. Não brinco de “fofoca e farpas”, acho mais divertido jogar Diablo 2. Se sinto a necessidade de dizer algo a alguém, não uso intermediários. Vocês, que lêem este blog, têm o direito de concordar, discordar e fazer o que quiserem da própria vida. Só não têm o direito de me destratar e desrespeitar, porque a gentileza e o respeito são princípios que uso com todos, até com quem não gosto! Sem dúvida, este blog trata de princípios e valores. Dos meus. Daquilo em que acredito. Então, ninguém precisa ser ou pensar do mesmo modo. Não vou me calar, nem me sentir constrangida por ser quem sou. Existem pessoas como eu por aí, tão alternativas, sensíveis e amorosas quanto, que também desejam se encontrar e agir, num mundo cada vez mais pétreo e violento. Estas, eu sei que me compreendem. Então, hoje é a última vez que dou explicações sobre eventuais críticas (ou comentários, que podem ser lidos como críticas) neste blog. Respeito, mesmo, a liberdade de cada um. Mas faço minhas escolhas. E prezo os meus valores.

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Uma das coisas que prezo, é a cultura. E, como já disse dezenas de vezes, no meu caso é fatalidade. Eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim, vou ser sempre assim minisom. Como a Gabriela, da modinha do Dorival Caymmi. Nos nada áureos tempos das vacas raquíticas, quando eu e meu irmão latíamos pra economizar cachorro, a cultura era meu único entretenimento. São Paulo é uma cidade extraordinária, que oferece muitas opções culturais de graça e, como morávamos no bairro da Liberdade, estávamos perto de tudo! Passávamos manhãs inteiras em bibliotecas públicas (principalmente as do Centro Cultural São Paulo e a Monteiro Lobato), à tarde e à noite assistíamos filmes, peças de teatro, concertos de música erudita ou popular, íamos a exposições de todos os tipos. Às vezes, sem um prostituto no bolso. Uma vez, há mais de uma década, passeávamos pela Avenida Paulista e lá estava o pessoal da campanha Vá ao Teatro. Eles ficavam na rua, oferecendo um catálogo de peças a preços populares. Um dos moços nos abordou, conversamos e ele, evidentemente, ofereceu o catálogo. Eu disse que não tínhamos dinheiro. Ele não acreditou (ninguém nunca acreditou). E ficamos nessa, até eu resolver abrir minha carteira e mostrá-la. Não havia nem sombra de real, nela. Não sei se o moço ficou comovido, mas nos deu um par de ingressos para uma peça baseada numa obra da Zíbia Gasparetto (O Amor Venceu, se não me falha a memória). Como vocês já sabem, o que me dá barato é cultura, então, livros da Zíbia Gasparetto não estão exatamente entre as minhas opções. E meu irmão nunca suportou quem vende religiosidade e espiritualidade. MAS, éramos jovens, lépidos, fagueiros, duros e aventureiros, então, fomos ver a peça! E foi legal!Alegre Só uma história pra exemplificar o quanto esta cidade é tudo de bom!mini_gifs14 Eu frequentava bibliotecas todo fim de semana, li dezenas de livros sem gastar um tostão! E desejo fazer o mesmo, agora, embora não “precise” mais, mas, sabe que é bobagem pensar assim?! Existe, no Brasil, a crença de que os serviços públicos são só pra população de baixa renda. Mas, deveriam ser pra todos nós; em teoria, pelo menos, são! Bibliotecas públicas são muito legais, pois disponibilizam muito material. Nem tudo que leio, desejo comprar e não preciso comprar coisa alguma, pra ler! Passear pelas estantes de uma biblioteca pode ser surpreendente! Conheci vários grandes escritores brasileiros assim e olha que fiz faculdade de Letras! Eu recomendo, em São Paulo, as bibliotecas e a gibiteca do Centro Cultural São Paulo (um dos lugares que mais curto), a Monteiro Lobato (cujo acervo é majoritariamente literatura infanto-juvenil) e a Viriato Corrêa (especializada em literatura fantástica, que eu gosto “pouco”).

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Perambulando por estantes, descobri um cara chamado João Guimarães Rosa (sim, até que enfim!). Muita gente diz que lê, muita gente diz que adora e eu sinto um ar meio poser, na postura da maioria Nhé-nhé . Mencionar Guimarães Rosa, de fato causa certo efeito. Ele não é um escritor fácil, imediato, que a gente lê “de uma sentada” (há algo meio incômodo nesta expressão …). Grande Sertão: Veredas, sua obra mais conhecida, tem a mixaria de 624 páginas (a edição de 2001, da ed. Nova Fronteira) e não é algo que se lê, de boa, no metrô! Eu sempre tenho ressalvas em relação a quem diz amaaar Guimarães Rosa, como se falasse de rosquinhas, meias ou bolinhas de gude. Amá-lo, é absolutamente possível. Mas, não é fácil. É um processo. Ler Guimarães Rosa é entrar em seu universo. A obra dele é tão dele, que nós precisamos necessariamente nos envolver. Guimarães Rosa quer o seu tempo, a sua atenção, a sua entrega. Vale a pena: o cara é foda! Polegar para cima Produziu obras capazes de transformar e engrandecer pessoas. Mas, é um dos autores menos acessíveis da nossa literatura. E ele fez literatura como poucos! A obra do Guimarães Rosa é pura criação artística com palavras, algo único, estilo puro! Seus livros abordam principalmente o vasto sertão, de Minas Gerais à Bahia, passando por Goiás. E o sertão em toda a sua riqueza, de personagens, tipos, cultura, superstições, costumes, religiosidade, jeito de falar, ser, pensar. Ler Guimarães Rosa é conhecer uma parte do Brasil, ainda mais pra quem nasceu e cresceu numa metrópole como São Paulo. O estilo dele é único, lírico, sensível, poético, mágico! É preciso ler com atenção, sem pressa, ouvir as histórias que ele tem a contar. Eu li Grande Sertão: Veredas em 2006. Nele, o fazendeiro, ex-jagunço, ex-líder de bando, Riobaldo, conta sua trajetória para um visitante desconhecido. Entre episódios e muitas reflexões, destaca-se sua rixa com Hermógenes (um líder de bando bem sangue ruim), seu pacto com o Diabo e seu amor por Diadorim, mulher que vestiu-se de homem praticamente a vida inteira e acompanhou Riobaldo durante muito tempo. Ele se apaixonou por ela, sem saber que era mulher. O livro é muito rico e meu objetivo nem é dar detalhes sobre ele. Mas, na época em que eu frequentava bibliotecas públicas, tinha o sadio e fofo costume de copiar meus trechos de livros preferidos em papéis e cadernos (sempre citando a fonte, como aprendi na faculdade) 33. Hoje, eu encho meus livros de post-its e etiquetinhas, mas este costume de copiar trechos de livros (às vezes poemas, contos, crônicas) é bem coisa de menina sensível e romântica do século XIX, coisa que ainda sou, com a diferença de que meu senso de realidade é mais acurado e eu não pretendo morrer de tuberculose. Até porque passei da idade … Eu tenho os cadernos e papéis até hoje. Fuçando neles, no último sábado, me deparei com trechos do Grande Sertão: Veredas. Meu objetivo era outro. Estava procurando trechos do João Ubaldo Ribeiro, que faleceu recentemente e é um dos meus escritores favoritos. Mas, aí, achei Guimarães Rosa, li tudo de novo e fiquei fascinada!mini_gifs84 Me deu uma saudade imensa de ler Guimarães Rosa!th_h261018_07 Principalmente Manuelzão e Miguilim (livro) e O burrinho pedrês (conto do livro Sagarana), leituras que recomendo muito e são bem mais acessíveis que Grande Sertão: Veredas! De qualquer forma, vale a pena ler Guimarães Rosa, seja o que for. Fácil e imediato, não é. Mas é uma experiência e tanto! E, conforme nos acostumamos com o estilo e o universo, a leitura se torna mais e mais prazerosa! A obra dele é feita de livros pra ler e reler. Como todas as obras dos grandes escritores.

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Então … eu gostaria de compartilhar os trechos com vocês. Mas deixarei isto pra amanhã Smiley sarcástico. Estou fazendo suspense, mesmo, não há outra explicação! Sintam-se à vontade pra conhecer Guimarães Rosa! Eu compartilharei o que gosto, como sempre faço. Mas gosto é algo que formamos por experimentação. Não tenham receio de tentar. E, no caso do Guimarães Rosa, tentar de novo e de novo e de novo. Compensa! Amanhã eu volto!

Abraços e até a próxima postagem!

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