terça-feira, 29 de julho de 2014

Grande Sertão: Veredas (trechos) e etc.

JGNiteBlinkie

Olámini_gifs187 Tudo bem? Espero que sim. Parece que finalmente o inverno começou em São Paulo e isto me deixa feliz! mini_gifs84 Não sou uma entusiasta das altíssimas temperaturas do verão tupiniquim, mas não tenho a postura colonizada de muitos apreciadores do inverno. A verdade é que gosto, mesmo, das estações amenas, também conhecidas como outono e primaveramini132mini_gifs89. Mas dias frios são bons, têm uma aura aconchegante, intimista, introspectiva, perfeita para os meus hobbies solitários. Aliás, eu sou uma loner no melhor sentido do termo. Almas sensíveis, líricas e contemplativas geralmente pertencem a loners. Mas, também gosto de interações sociais, desde que sejam positivas! As minhas, felizmente, são! … Todo inverno acontece algo curioso na tv: sempre há os âncoras e repórteres de telejornais babados de êxtase porque nevou no Sul! 20041112_05 Ou porque alguma cidadezinha do interior do interior de Santa Catarina registrou graus negativos. Alguns comemoram até geada! É como se, por um momento, o Brasil recebesse a dádiva de ser país de Primeiro Mundo! Só que a neve é, apenas, um fenômeno da natureza. Não tem poderes mágicos, não transforma pessoas ou países! Eu nunca vi neve. No ano passado, viajaria pra Escandinávia, em plenas festas de fim de ano e, provavelmente, me transformaria num picolé, mas a missão foi abortada devido a detalhes tão pequenos de nós dois que, definitivamente, são coisas muito grandes pra esquecer. E toda hora vão estar presentes, você vai ver! … (Vocês sabiam que Detalhes, parece ser a única música do rei Roberto Carlos apreciada no meio acadêmico?! Pelo menos, o que frequentei …) Eu verei neve, um dia e não no Sul. Mas, consigo viver sem ela e não me sentiria européia, estadunidense ou seja lá o que for, só por andar aos escorregões por ruas gélidas, com dezenas de casacos e parecendo a Rena do Nariz Vermelho! Enfim … pontos de vista.

Peço desculpas pela demora! Smiley envergonhado Não atualizei o blog antes por motivos completamente alheios à minha vontade. Tenho feito muitas coisas e, sinceramente, acho ótimo!Polegar para cima Ocupação é algo divino! … A propósito: acabei de tirar um monte de fotos do bolo integral de banana com mel, que fiz hoje! ^^ Percebi que havia bananas na fruteira e mel na despensa fazendo aniversário e, fuçando na web, encontrei uma receita perfeita: econômica, prática, rápida, saudável e pequena!minibrilhoEstava mesmo com vontade de assar um bolo, aliás, estou numa vibe de fazer o máximo possível de coisas em casa! Acima de tudo, porque é um barato! Então, fiz o bolinho, coloquei numa fôrma especial, desenformei e saiu perfeito! th_siro11Desenformar bolos nunca foi uma das minhas habilidades, mas eu acho que era meio afoita antigamente e não esperava o bolo esfriar completamente … Smiley pensativo Como ainda não tenho certeza se o bolo ficou bom mesmo (a cara está ótima e o cheiro, idem!) e preciso personalizar ainda mais as fotos, vou deixá-los na expectativa e revelá-lo só amanhã (ou no dia em que eu puder estar aqui de novo)! … Voltando ao princípio, alguns dos meus hobbies tornaram-se coisas sérias e eu estou mesmo desenvolvendo meu jeito alternativo de ser!Paz Preciso atualizar o Flickr, tenho tricotado todos os dias, no tempo livre. E lido th_h260920_05. Aliás, é uma pena termos perdido três excelentes escritores, em tão pouco tempo! Smiley triste João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna. Os dois primeiros, estão entre os meus favoritos, principalmente o João Ubaldo Ribeiro! Não fico triste pela morte deles, em si. Faleceram idosos e dedicaram a vida a algo que fez bem a muitas pessoas! Contribuíram com a cultura do país. Cumpriram uma missão. Eu fico triste porque eles não podem escrever mais e nos presentear com mais obras incríveis … Por falar em ler, conforme o prometido, compartilharei com vocês alguns trechos do livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Os trechos foram selecionados em 2006, quando li o livro pela primeira (e até agora, única) vez. Como já disse, no post anterior, os relatos e reflexões são de Riobaldo que, durante muitos anos, foi jagunço. Ele conta sua trajetória a um visitante desconhecido e o livro é muito mais de reflexões do que de ação. O estilo do Guimarães Rosa é apaixonante, muito lindo mesmo! Jeito de contar histórias pessoal e intransferível. Espero que vocês gostem! Caso queiram, o livro está disponível nas principais bibliotecas de São Paulo (e de outros estados, creio eu) e em livrarias, online ou não. Eu sinceramente não recomendo Grande Sertão: Veredas para os não-iniciados na obra do Guimarães Rosa! Sagarana e Manuelzão e Miguilim são excelentes e muito mais acessíveis! MAS, a escolha é de vocês, um livro de seiscentas e lá vai páginas, é uma companhia e tanto, afinal de contas!

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Sobre o Amor:

“(…) Diadorim vinha constante comigo. Que viesse sentido, soturno? Não era, não, isso eu é que estava crendo, e quase dois dias enganoso cri. Depois, somente, entendi que o emburro era mesmo meu. Saudade de amizade. Diadorim caminhava correto, com aquele passo curto, que o dele era, e que a brio pelejava por espertar. Assumi que ele estava cansado, sofrido também. Aí mesmo assim, escasso no sorrir, ele não me negava estima, nem o valor de seus olhos. Por um sentir: às vezes eu tinha a cisma de que, só de calcar o pé em terra, alguma coisa nele doesse. Mas, essa idéia, que me dava, era do carinho meu. Tanto que me vinha a vontade, se pudesse, nessa caminhada, eu carregava Diadorim, livre de tudo, nas minhas costas. Até, o que me alegrava, era uma fantasia, assim como se ele, por não sei que modo, percebesse meus cuidados, e no próprio sentir me agradecendo. O que brotava em mim e rebrotava: essas demasias do coração. Continuando, feito um bem, que sutil, e nem me perturbava, porque a gente guardasse cada um consigo sua tenção de bem querer, com esquivança de qualquer pensar, do que a consciência escuta e se espanta; e também em razão de que a gente mesmo deixava de escojitar e conhecer o vulto verdadeiro daquele afeto, com seu poder e seus segredos; assim é que hoje eu penso.” (p. 388-389)

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Sobre o Mal e o Poder:

“(…) Ali, naquela hora, eu conferi como era usual a gente estimar os companheiros, em ajuntado. Diadorim – que graças a Deus estava de todo são – com os cuidados todos depunha assisado por mim. E o Sidurino disse: – “A gente carecia agora era de um vero tiroteio, para exercício de não se minguar … A alguma vila sertaneja dessas, e se pandegar, depois, vadiando …” Ao assaz confirmarmos, todos estávamos de acordo com o sistema. Aprovei, também. Mas, mal acabei de pronunciar, eu despertei em mim um estar de susto, entendi uma dúvida, de arpêjo: e o que me picou foi uma cobra bibra. Aqueles, ali, eram com efeito os amigos bondosos, se ajudando uns aos outros com sinceridade nos obséquios e arriscadas garantias, mesmo não refugando a sacrifícios para socorros. Mas, no fato, por alguma ordem política, de se dar fogo contra o desamparo de um arraial, de outra gente, gente como nós, com madrinhas e mães – eles achavam questão natural, que podiam ir salientemente cumprir, por obediência saudável e regra de se espreguiçar bem. O horror que me deu – o senhor me entende? Eu tinha medo de homem humano.

A verdade dessa menção, num instante eu achei e completei: e quantas outras doideiras assim haviam de estar regendo o costume da vida da gente, e eu não era capaz de acertar com elas todas, de uma vez! Aí, para mim – que não tenho rebuço em declarar isto ao senhor – parecia que era só eu quem tinha responsabilidade séria neste mundo; confiança eu mais não depositava, em ninguém. Ah, o que eu agradecia a Deus era ter me emprestado essas vantagens, de ser atirador, por isso me respeitavam. Mas eu ficava imaginando: se fosse eu tivesse tido sina outra, sendo só um coitado morador, em povoado qualquer, sujeito à instância dessa jagunçada? A ver, então, aqueles que agorinha eram meus companheiros, podiam chegar lá, façanhosos, avançar em mim, cometer ruindades. Então? Mas, se isso sendo assim possível, como era que agora eles podiam estar meus amigos?! O senhor releve o tanto dizer, mas assim foi que eu pensei, e pensei ligeiro. Ah, eu só queria era ter nascido em cidades, feito o senhor, para poder ser instruído e inteligente! E tudo conto, como está dito. Não gosto de me esquecer de coisa nenhuma. Esquecer, para mim, é quase igual a perder dinheiro.” (p. 422-423)

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Um pouco de Filosofia:

“(…) Ah, para o prazer e para ser feliz, é que é preciso a gente entender tudo, formar alma, na consciência; para penar, não se carece: bicho tem dor, e sofre sem saber mais porque.” (p. 328)

“(…) O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! Só assim que de repente, na horinha em que se quer, de propósito – por coragem.” (p. 334)

“(…) A gente só sabe bem aquilo que não entende.” (p. 394)

“(…) Vivendo, se aprende; mas o que se aprende mais, é só a fazer outras maiores perguntas.” (p. 429)

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 Alegre. De ler e transcrever estes trechos, eu mesma fiquei com vontade de (re)ler Guimarães Rosa! mini_gifs50 Espero que o mesmo aconteça com vocês! O curioso é que ainda não tenho nenhum livro dele! Vou comprar Sagarana e Manuelzão e Miguilim, só pra começar! Mas talvez encare novamente o Grande Sertão, só pra descobrir novas veredas! Smiley piscando Agora, tenho um risoto pra fazer tumblr_inline_mulki8dmFI1qgy16y. Não, não é de patas de aranha ou asas de morcego Nhé-nhé. Os caldeirões das bruxas são associados à culinária há muito tempo! Porque algo mágico realmente acontece quando cozinhamos! mini_gifs15

A propósito: o bolo ficou maravilhoso!Polegar para cima

Espero voltar ainda nesta semana. Em todo caso, como digo no Multi Maiden: stay tuned! Abraços e até a próxima postagem!

Lunamini_gifs185

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